Países ibero-americanos trabalham para promover a saúde mental através da CSS
A 10 de outubro comemora-se o Dia Internacional da Saúde Mental, uma questão que tem vindo a receber crescente atenção e relevância a nível internacional.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a depressão, a ansiedade e os problemas de dor são as três doenças mais comuns na América Latina e no Caribe relacionadas com a saúde mental (Duarte, N. 2023). Embora falar sobre esta questão ainda seja um “tabu”, parece haver uma sensibilização crescente a nível mundial (governos, sociedade civil, universidades, entre outros) para a abordar de forma mais adequada, sobretudo após a pandemia da COVID-19, que afetou particularmente os jovens e as crianças.
Por exemplo, no ano passado, a Ipsos Global realizou um inquérito online a 23.507 adultos de 34 países, dos quais 6 eram da América Latina, tendo obtido os seguintes valores percentuais relativamente às pessoas que consideram a saúde mental um dos principais problemas de saúde: Chile (62%), Brasil (49%), Colômbia (46%), Peru (39%), Argentina (37%) e México (15%) (Melo, M. 2023). Ao situarmos estes números no contexto do fortalecimento institucional, mobilizado pela CSS e Triangular, verificamos que a região está, de facto, a desenvolver iniciativas que visam melhorar a capacidade dos serviços de saúde para abordar esta problemática.
No que se refere à CSS Bilateral, destacam-se duas iniciativas: uma promovida pelo Chile e pelo Uruguai (que assumem o papel de “ambos”) e outra pela República Dominicana e pelo Peru (que assumem os papéis de recetor e ofertante, respetivamente). A primeira iniciativa centrou-se na produção de conhecimentos sobre a adolescência e a juventude, considerando o seu bem-estar psicossocial, através da utilização de instrumentos, como inquéritos, que fornecem indicadores para medir sintomas de ansiedade, stress e depressão (AGCID, 2025). A segunda consistiu num intercâmbio de experiências entre o Instituto Nacional de Saúde Mental do Peru e o Hospital Dr. Francisco E. Moscoso Cuello, na República Dominicana, com vista a conhecer a experiência de formação de médicos psiquiatras em saúde mental e psiquiatria comunitária.
Também se desenvolveram esforços nesta área através de parcerias triangulares. Um exemplo disso são dois projetos iniciados em 2024: por um lado, Espanha (segundo ofertante), Cuba (primeiro ofertante) e México (recetor) estão a colaborar para facilitar o acesso das populações vulneráveis da Baixa Califórnia a cuidados especializados no domínio da avaliação e diagnóstico de perturbações neurobiológicas, cognitivas e emocionais. Por outro lado, o Uruguai e Espanha (primeiro e segundo ofertantes, respetivamente) estão a apoiar a Guatemala e as Honduras (recetores) no reforço dos respetivos serviços de saúde mental, com base na sua experiência com a metodologia ECHO, que recorre à análise de dados administrativos e registos de saúde para estudar a qualidade e o acesso aos serviços de saúde a nível internacional e nacional.
Finalmente, no âmbito da CSS Regional, destaca-se também o Plano Trienal do Sistema Mesoamericano de Saúde Pública (SMSP) para 2023-2025, que estabelece orientações para ações e atividades baseadas em quatro prioridades definidas pelos países membros: saúde mental, deficiência, doenças crónicas não transmissíveis e protagonismo da comunidade. Um dos resultados deste Programa foi a criação de bens públicos regionais nas áreas da saúde mental, da segurança rodoviária, da regulamentação sanitária e da eliminação da malária. Neste sentido, El Salvador e Belize já foram certificados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como territórios livres de malária (SICA, 2025).
Outubro de 2025
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Fonte: SEGIB a partir de Agências e Direções Gerais de Cooperação, AGCID (2025), Duarte, N. (2023), Melo, M. (2023) e SICA (2025).
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