Recuperação de ecossistemas de montanha: uma chave para proteger a água

Parque Nacional de Cajas (Ecuador), 2017
O Peru e o Equador trocam experiências em matéria de recuperação de ecossistemas de montanha, com foco nos serviços hídricos.

Os ecossistemas de montanha assumem uma importância global, entre outros motivos, porque são a origem das águas subterrâneas e porque alimentam os maiores rios, ao representarem as áreas com maiores precipitações e armazenamento de gelo e neve. Assim, fornecem água a mais de metade da população mundial para consumo doméstico, irrigação, indústria, produção de energia e otras atividades. (UNESCO, 2014)

É o caso, por exemplo, do Distrito Metropolitano de Quito, no Equador, que é abastecido com água proveniente dos páramos que rodeiam a cidade. O Fundo para a Proteção da Água (FONAG) conserva e recupera esses espaços para garantir o abastecimento, “com uma abordagem técnica, de equidade social e de sustentabilidade” (FONAG, 2022).

Com base nestas competências, o FONAG proporciona assistência técnica ao Instituto Nacional de Investigação sobre Glaciares e Ecossistemas de Montanha (INAIGEM) do Peru, através de um projeto de cooperação sul-sul dedicado à investigação de serviços hídricos, no qual as duas instituições partilham as suas experiências sobre o impacto destes serviços na conservação e recuperação de ecossistemas de montanha (FONAG, 2021). O INAIGEM é uma instituição do governo peruano, que trabalha para expandir a investigação científica e tecnológica sobre glaciares e ecossistemas de montanha, por forma a promover a sua gestão sustentável a favor das populações que vivem ou beneficiam deles (MINAM, 2020).

O projeto teve início em 2020 e desenvolveu diversas atividades, inicialmente virtuais devido ao impacto da pandemia da COVID-19. No final de 2021, a equipa técnica do FONAG visitou a sede do INAIGEM em Huaraz e pôde conhecer em primeira mão os diferentes locais das investigações realizadas pelo Instituto, tais como encostas de pinheiros e restolhais em Cátac, bofedales (tipo de zona húmida da região elevada dos Andes) na rota do glaciar Pastouri (acima dos 3.600 msnm) e plantações de pinheiros em Tayacoto (acima dos 4.500 msnm). Nesses locais também observaram a drenagem ácida produzida pelo retrocesso do glaciar. Os técnicos equatorianos identificaram diferenças entre os ecossistemas de alta montanha dos dois países – por exemplo, nas suas condições de formação – mas também semelhanças nas espécies vegetais. (FONAG, 2021)

O projeto irá continuar a acompanhar as investigações do INAIGEM orientadas para avaliar os impactos do fornecimento de serviços hídricos (SIDICSS, 2022) e pretende manter a colaboração interinstitucional no futuro (FONAG, 2021).

Faz parte do Programa Bilateral de Cooperação 2020-2022 entre o Peru e o Equador, aprovado no quadro da primeira Comissão Mista de Cooperação Técnica entre ambos os países realizada em agosto de 2020.

Junho de 2022

***

Fonte: SEGIB a partir de SIDICSS (2022), FONAG (2021 e 2022), MINAM (2020) e UNESCO (2014).